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Cena desoladora após a chuva de 12/01/2011 em um dos bairros de Teresópolis Foto: Domingos Peixoto |
Após quatro anos da tragédia em Teresópolis, município do Rio de
Janeiro, muitos sobreviventes não conseguiram prosseguir com suas vidas, para
eles não foram apenas bens materiais que foram carregados com a enxurrada, a água levou projetos, sonhos, lembranças e a possibilidade de reconstruir a vida. Não poucos tiveram seu último adeus retido sob as pedras que tomaram
bairros inteiros.
Aos que puderam chorar seus mortos, restou o curto tempo entre a dor de
ver interrompida a vida e o alívio de poder encontrar e reconhecer um ente querido
dando-lhe a dignidade de uma breve, mas intensa despedida.
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Abrigo improvisado para os sobreviventes da tragédia de janeiro/2011 no Ginásio Poliesportivo Pedro Jahara Foto: Vladimir Platonow |
Acerca dos que sobreviveram à força das águas, cabe a nós, meros coajuvantes, a retórica: como se sentirão pertencentes a
algum lugar ou donos de alguma coisa, o que incluiu suas próprias vidas, diante
de um luto que não pode ser vivido?
As pessoas passam pela vida perdendo e ganhando, todavia, quando se
perde alguém ou algo, é preciso que se vivencie um período de luto, este tempo
é organizador e integrador. É o momento em que o psiquismo “se veste de preto”
e chora o que não deu certo: o amor que não foi correspondido, o casamento que
acabou, a amizade perdida, o sonho desfeito e, principalmente, um ente querido
que falece.
Em seguida chega o tempo de “vestir-se de branco” e dar pano de fundo
para todas as luzes e combinações de cores que surgirão: as novas conquistas, os
novos amores, as novas amizades, e o lugar da saudade que traz à memória, agora sem
dor, a saudade daquele que partiu.
O luto é para ser vivido sim, mas
como uma luta a qual se sai vencedor!
Perdas podem ser devastadoras, e caso a dor persista por mais de dois anos é recomendado que a pessoa seja acompanhada por um profissional especializado.
O enlutado deve ser ajudado a criar mecanismos para que seu luto
converta-se em luta, e suas dores do passado não imobilizem o seu caminhar
futuro.
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