terça-feira, 13 de janeiro de 2015

.:: Quatro anos da tragédia em Teresópolis: Luto e Luta ::.

Cena desoladora após a chuva de 12/01/2011 em
um dos bairros de Teresópolis
Foto: Domingos Peixoto
Após quatro anos da tragédia em Teresópolis, município do Rio de Janeiro, muitos sobreviventes não conseguiram prosseguir com suas vidas, para eles não foram apenas bens materiais que foram carregados com a enxurrada, a água levou projetos, sonhos, lembranças e a possibilidade de reconstruir a vida. Não poucos tiveram seu último adeus retido sob as pedras que tomaram bairros inteiros.
Aos que puderam chorar seus mortos, restou o curto tempo entre a dor de ver interrompida a vida e o alívio de poder encontrar e reconhecer um ente querido dando-lhe a dignidade de uma breve, mas intensa despedida.
Abrigo improvisado para os sobreviventes da tragédia de
janeiro/2011 no Ginásio Poliesportivo Pedro Jahara
Foto: Vladimir Platonow
Pessoas que não perderam suas casas, familiares e pertences, também foram devastadas pela tragédia; diante de tamanha catástrofe natural, vêm à tona inúmeras fragilidades, que embora humanas, por vezes são negadas e esquecidas no caminhar corrido de cada dia. Surgem os sentimentos de impotência, o medo da dor e da finitude da vida.
Acerca dos que sobreviveram à força das águas, cabe a nós, meros coajuvantes, a retórica: como se sentirão pertencentes a algum lugar ou donos de alguma coisa, o que incluiu suas próprias vidas, diante de um luto que não pode ser vivido?
As pessoas passam pela vida perdendo e ganhando, todavia, quando se perde alguém ou algo, é preciso que se vivencie um período de luto, este tempo é organizador e integrador. É o momento em que o psiquismo “se veste de preto” e chora o que não deu certo: o amor que não foi correspondido, o casamento que acabou, a amizade perdida, o sonho desfeito e, principalmente, um ente querido que falece.
Em seguida chega o tempo de “vestir-se de branco” e dar pano de fundo para todas as luzes e combinações de cores que surgirão: as novas conquistas, os novos amores, as novas amizades, e o lugar da saudade que traz à memória, agora sem dor, a saudade daquele que partiu.
O luto é para ser vivido sim, mas como uma luta a qual se sai vencedor!
Perdas podem ser devastadoras, e caso a dor persista por mais de dois anos é recomendado que a pessoa seja acompanhada por um profissional especializado.
O enlutado deve ser ajudado a criar mecanismos para que seu luto converta-se em luta, e suas dores do passado não imobilizem o seu caminhar futuro.

Moradores de Teresópolis, RJ, fazem manifestação para lembrar os quatro anos da tragédia


Maior tragédia natural da história do Brasil completa quatro anos



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